Campainhas ou tintinnabula - UM MÊS, UMA PEÇA - maio 2025
Super Categoria Arqueologia
Categoria Artefactos ideotécnicos
Subcategoria Rituais
Nº de Inventário MSA-2648 e MSA –2649
Objeto Campainhas romanas
Proveniência Vaca Negra, Urgeses, Guimarães
Cronologia Século II d.C.
Matéria Bronze
Técnica Fundição
Altura 7,2 e 5,9 cm
Diâmetro 9,9 e 10,7 cm
Peso 508 e 326 g
Descrição
Campainhas ou tintinnabula de secção hemisférica, de dimensões idênticas, uma está completa, a outra já não possui o pedúnculo de suspensão.
As campainhas romanas de Urgezes
Um dos achados romanos mais peculiares de Portugal foi a recolha de um par de campainhas de bronze (tintinnabula), e duas ânforas romanas, na freguesia de Urgezes, ao arrancar uma árvore. O achado terá ocorrido em 1921, ou pouco antes, porque foi nesse ano que os materiais foram doados ao Museu Martins Sarmento, pelo Dr. Joaquim José de Meira.
Foi um achado ocasional, com um contexto incerto, característico de grande parte dos achados arqueológicos mais expressivos ocorridos na época em questão. Além do seu extraordinário estado de conservação, trata-se de dois raros exemplares de instrumentos musicais da Antiguidade que se conservam.
Ao classificar estas duas peças idênticas como instrumentos musicais, não devemos limitar a sua possível utilização original, que pode ter sido diversa. Campainhas foram usadas quer para a produção de música, propriamente, quer como alfaias litúrgicas, objetos votivos, peças colocadas em sepultamentos, objetos utilizados em cerimónias públicas como inaugurações ou abertura de festividades. Era também comum a utilização de campainhas como objeto apotropaico, colocado junto às portas das casas como elemento de proteção espiritual, ou com uma função mais simples como a sinalização de animais nos pastos.
O facto de desconhecermos hoje o seu contexto específico de deposição limita bastante a sua interpretação, quer quanto à real função destas peças, quer quanto ao sítio arqueológico onde elas foram recolhidas, algures no lugar conhecido como Vaca Negra, não longe da Igreja Matriz ("Velha") de Urgezes. Também junto a esta Igreja recolheu Martins Sarmento fragmentos de tegulae.
Parece assim verificar-se um padrão em relação à identificação de vestígios de época romana nas imediações das igrejas paroquias do Concelho de Guimarães, ou na área do núcleo original das paróquias.
Bibliografia
- BEARD, M. (2010). Pompeia: O dia-a-dia da mítica cidade romana, A Esfera dos Livros, Lisboa.
- BLÁZQUEZ MARTÍNEZ, José María (1984-85) - Tintinnabula de Mérida y de Sasamón (Burgos). Zephyrus 37-38, pp. 331-335.
- DAREMBERG, Charles Victor e SAGLIO, Edmond (1892) - Dictionnaire des Antiquités Grecques et Romaines, tomo V, p. 341 [tintinnabulum], Paris.
- PINA, José (1921) - Boletim, Revista de Guimarães, XXXI, p. 94.
- VILLING, Alexandra (2002) – For Whom did the bell toll in ancient Greece? Archaic and Classical Greek bells at Sparta and beyond, The Annual of the British School at Athens, 97, pp. 223-295.